Atentado ao candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, no sábado, provocou a valorização da maior criptomoeda em valor de mercado em mais de 10%
A valorização do bitcoin de mais de 10%, desde o último sábado (13), foi mais um dos sinais de que para que lado o mercado de criptomoedas tende na campanha eleitoral à presidência dos Estados Unidos, na disputa entre o atual presidente do partido democrata Joe Biden e o ex-presidente republicano Donald Trump.
Com o atentado sofrido por Trump, a principal criptomoeda do mundo saiu da letargia das últimas semanas e avançou mais de 5% em poucas horas. A leitura de analistas é que a tentativa de assassinato reforça a candidatura do Republicano, aumentando seu favoritismo na corrida eleitoral.
Trump é reconhecidamente pró-cripto e, mesmo após o atentado de sábado, confirmou presença na Bitcoin Conference, que acontecerá entre os dias 25 a 27 deste mês, em Nashville, no Estado americano do Tennessee.
Além disso, nesta segunda-feira (15) Trump anunciou o senador J.D. Vance como vice na sua chapa. O congressista tem atuado diretamente na elaboração de uma legislação que favoreça a adoção das criptos nos Estados Unidos.
No outro lado do ringue, os democratas de Biden, segundo os agentes do mercado, têm emperrado o desenvolvimento do setor, refletido nos posicionamentos anti-cripto do presidente da Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários americana), Gary Gensler (mesmo que o regulador tenha liberados os ETFs de bitcoin este ano).
A própria candidatura do atual presidente dos EUA está em xeque, já que muitos dos envolvidos em sua campanha (e muitos outros fora dela) pleiteiam que Biden deixe a disputa, por questões de saúde. Os democratas indicariam então um outro candidato à presidência.
“Apesar de Trump ter sido um grande crítico [das criptos] no passado, ele e seu partido mudaram bastante o discurso recentemente”, observa Beto Fernandes, analista da Foxbit. “Se eleito, pode indicar que algumas decisões para o setor sejam mais flexíveis ou, pelo menos, aceleradas.”
Fernandes ressalta que o governo Biden tem o mérito de “trazer mais praticidade ao setor, como os ETFs”. “Porém, o processo ainda é bastante moroso, e a SEC se mostra disposta a permanecer fazendo jogo duro.”
Valter Rebelo, chefe de ativos digitais da Empiricus Research, pontua que a avaliação dos mercados de risco em geral de Trump é positiva. Segundo ele, o candidato republicano preconiza “corte de impostos, incentivo tributário e também a adesão à ideia do bitcoin como reserva de valor”.
Para Rebelo, a presença de Trump na Bitcoin Conference “deve chamar muita atenção para o bitcoin”, já que o candidato está no centro das atenções do mundo.
Rony Szuster, analista do MB, pontua que a dicotomia Trump-Biden é muito clara no mercado cripto. “O governo democrata, que está no poder com o Biden e Gary Gensler à frente da SEC, sempre tiveram uma postura anti-cripto”, afirma. “No último ano, principalmente, houve diversos processos contra a indústria de cripto de modo geral, não só de empresas que mereciam, mas também outras reguladas no próprio país.”
Com essa “caçada”, para Szuster, os Estados Unidos ficaram muito “atrasados” em cripto. “Os ETFs de bitcoin estão completando seis meses lá, sendo que no Brasil têm mais de dois anos, inclusive de ethereum, que sequer começaram a negociar nos EUA”, ressalta.
Andrew Willian, analista de criptomoedas do Allintra, aplicativo para investimento em criptomoedas, lembra que Trump já “expressou o desejo de posicionar os Estados Unidos como líder global em criptoativos, uma postura que pode ter contribuído para a reação positiva do mercado após o atentado”.
Apuração feita pelo site especializado Decrypt aponta que a avaliação de Biden e seu governo é tão negativa entre pessoas do mercado de criptoativos que os lobistas do setor estão “clamando” para que ele seja substituído, “independentemente de quem o suceda”.
Segundo as fontes ouvidas pelo site, “as coisas não poderiam ficar piores do que já estão”. “Qualquer nome – mesmo que seja para outra administração democrata – seria melhor do que o que temos agora”, disse um lobista.
Entre os possíveis nomes estariam a vice-presidente Kamala Harris, a governadora do estado de Michigan, Gretchen Whitmer, e o governador de Maryland, Wes Moore. Nesses três casos, a juventude “dá esperança aos participantes da indústria cripto”.
O texto aponta ainda que, embora não haja uma definição até o momento para a candidatura de Biden, os participantes do setor afirmam que, caso Trump volte à Casa Branca, o destino mercado cripto nos EUA é “menos ambíguo”.