Segundo o Dr. Amauri Jacinto Baragatti, o cenário econômico global tem testemunhado um aumento significativo das operações de empresas multinacionais nos últimos anos. Com a crescente globalização e a expansão das atividades empresariais além das fronteiras nacionais, surgem desafios no campo do direito tributário. A presença de empresas multinacionais tem sido um tema complexo e controverso, com destaque para a aplicação do princípio da territorialidade.
Princípio da territorialidade
O princípio da territorialidade é um pilar fundamental do direito tributário e estabelece que um país tem o direito de tributar apenas as receitas e os lucros gerados dentro de seu território. No entanto, a natureza das operações das empresas multinacionais torna difícil determinar qual parte dos lucros deve ser atribuída a cada jurisdição em que elas operam.
Prática de transferência de lucros
O Dr. Amauri Jacinto Baragatti explica que uma das principais preocupações em relação à consideração de empresas multinacionais é a prática de transferência de lucros, também conhecida como “erosão de base e transferência de lucros” (BEPS, na sigla em inglês). Essa prática envolve a alocação artificial de lucros para jurisdições com baixas taxas de imposto ou para entidades associadas em outros países. O objetivo é reduzir a carga tributária global da empresa.
Como combater o BEPS?
Para combater o BEPS e garantir uma qualidade justa das empresas multinacionais, têm sido desenvolvidas várias iniciativas internacionais. Um dos mais importantes é o Projeto BEPS da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esse projeto busca estabelecer normas e diretrizes para evitar a evasão fiscal por meio da transferência de lucros. Muitos países têm adotado essas recomendações em suas legislações internacionais.
Além disso, o Dr. Amauri Jacinto Baragatti comenta que uma das tendências recentes na presença de empresas multinacionais é a implementação de medidas de transparência fiscal, como a Declaração País por País (Country-by-Country Reporting). Essa declaração exige que as empresas multinacionais divulguem informações registradas sobre suas operações, lucros e impostos pagos em cada jurisdição em que estejam sob jurisdição. Essa medida busca aumentar a transparência e permitir uma melhor avaliação da conformidade tributária das empresas.
Desafios e debates
No entanto, apesar dos esforços para enfrentar os desafios da interação de empresas multinacionais, ainda existem debates em torno da distribuição equitativa dos impostos entre as jurisdições. Algumas vozes argumentam que o princípio da territorialidade pode ser inadequado para lidar com a realidade das operações globais das empresas multinacionais. Propõem-se alternativas, como a adoção de um princípio de exclusividade com base na presença econômica, levando em consideração fatores como a geração de valor, a força de trabalho e os ativos utilizados em cada jurisdição.
Em suma, o Dr. Amauri Jacinto Baragatti ressalta que a confrontação de empresas multinacionais apresenta desafios complexos no campo do direito tributário, especialmente em relação à aplicação do princípio da territorialidade. A evasão fiscal e a alocação artificial de lucros são questões que exigem ações coordenadas entre os países. Iniciativas internacionais, como o Projeto BEPS, e medidas de transparência fiscal têm sido implementadas para abordar essas preocupações. No entanto, é essencial continuar o diálogo e a cooperação entre as jurisdições para garantir um sistema tributário justo e equilibrado para empresas multinacionais.